sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Cap. 04 - Ajude o Seymour (2)

... Deixamos aquele orc amarrado poupando a vida dele, exaustos da batalha que fizemos a instantes atrás, nós aproveitamos a fogueira, apagamos as tochas, nos hidratamos e nos alimentamos com alguns peixes e pães com a intenção de nos recompor, pois segundo Katdeen, o que estava por vir seria imensamente mais intenso e muito mais perigoso.

Os minutos se tornaram horas, afiamos nossas armas e sentimos que estávamos prontos para continuar, seguimos adiante naquela caverna, o clima estava ficando mais tenso, podia ver que Jaker e Katdeen estavam nervosos, com inúmeras gotas de suor em suas cabeças, escorrendo pelo pescoço e levemente umedecendo suas roupas. Acendemos nossas tochas e encontramos mais outra escada que nos dava acesso ao andar de baixo, descemos cuidadosamente para que não houvesse qualquer alarde com a esperança que seja o que esteja por vir, estivessem distraídos.

Era um corredor largo com variações de espaçamento ficando estreito e largo, o chão voltava a ter lamas e vimos algumas pegadas diferente das dos orcs, era algo como pequenas patas de algum animal que usasse ferradura.



Fomos obrigados a virar na curva que encontramos mais a frente, olhamos o cenário com extrema atenção, em um canto haviam dois barris deitados com torneira próximos à um buraco escuro no chão, uma fogueira exatamente no centro daquela enorme sala, quatro pedras ao redor dela, três orcs estavam sendo liderados por uma criatura totalmente nova para todos nós, algo que só tínhamos ouvido em boatos e histórias folclóricas, que se concretizaram naquele momento. Era um ser meio humano meio touro, havia um tronco musculoso com fortes pares de braços terminando em mãos humanas e peludas, as pernas eram torneadas como de um homem atleta, a cabeça dele era semelhante a de um touro, com as narinas largas e um par de chifres em excelente estado, não tinha pés, tinha patas e era como de cavalos com ferraduras, empunhando uma clava idêntica ao que Jaker estava usando.



Os orcs estavam sentados nas pedras ao redor da fogueira e o touro humano em pé, para nosso azar, eles estavam atentos à qualquer coisa que surgisse. O homem touro já parecia saber que estávamos ali, esperando o momento certo para dar as ordens aos orcs.

Nós três escondidos observando-os quando de repente Jaker ergue sua clava e sai gritando, correndo em direção à eles, hãn? Os três orcs se levantaram assustados, o minotauro guardou a clava dele na cintura, cruzou os braços e despretensiosamente e lentamente ele caminhou até a parede onde se encostou, com um sorriso sarcástico no rosto, assistindo a batalha que estaria por vir e coordenando os orcs.

Os três orcs cercaram o Jaker, cada um com um machado e escudo, o primeiro golpe foi efetuado de cima para baixo, Jaker ligeiramente suspendeu seu escudo bloqueando o primeiro ataque e como o reflexo de um gato o Jaker logo defendeu o segundo ataque que veio na sequencia de forma circular lateral, porém incapaz de defender o terceiro ataque, tomou uma forte machadada no peito, fazendo uma enorme ferida e o derrubando. Eu não estava acreditando no que via, Jaker havia ficado completamente louco e aquela loucura poderia lhe custar a vida. O primeiro orc ia atacá-lo novamente quando eu saí correndo para evitar, consegui usar meu escudo para empurrar o orc, agarrei o Jaker pela roupa e arrastei-o, afastando daquela batalha, gritando de dores, ele estava sangrando muito! Quando de repente ouço um som rapidamente atravessando meus ouvidos e causando um pequeno vento, "Zarp", uma flechada certeira na testa de um orc, olhei para trás e vi Katdeen como nunca, a expressão facial de quem estava totalmente consciente e concentrada no que estava fazendo com um leve sorriso de satisfação, o orc com a flecha fincada na testa desajeitadamente encontrou-se com o chão, espirrando sangue na roupa dos outros dois que deram alguns passos para trás, o minotauro descruzou os braços, fez uma cara de espanto e ao mesmo tempo gritou algo incompreensível, o que fez com que os orcs avançassem em nossa direção. 

Suando muito frio, por um momento eu fiquei indeciso sem saber que atitude tomar, foi aí então que soltei o Jaker no chão, pedi para que Katdeen arrastasse-o para mais distante, puxei minha Rapier e fui de encontro aos dois orcs. Defendi com meu escudo o ataque circular na altura da minha garganta e ao mesmo tempo contra-atacando com um chute frontal na boca do estomago, desequilibrando o orc e o jogando de bunda no chão, antes que o segundo me atacasse, eu consegui acertar minha Rapier no antebraço dele, fazendo que o mesmo largasse o machado e o escudo, levando a mão até o ferimento, antes que eu o finalizasse o minotauro resolveu agir! 
Enquanto um orc se levantava e o outro fugia, o minotauro empunhou sua clava, bufando muito ele olhou em nossa direção com um olhar tanto quanto determinado e irritado, vigorosamente arranhou o chão cinco vezes com uma de suas patas, pegando um impulso e vindo com uma velocidade surpreendente para minha direção, abaixou a cabeça assim apontando e preparando os chifres para uma penetração, assustado, eu rapidamente forcei minhas pernas contra o chão, ergui meu escudo esperando aquela fera finalmente chocar-se contra mim, ele me acertou em cheio! Ferindo meu peito direito, vi que um dos chifres perfurou meu escudo, assim deixando a cabeça dele presa, eu sentindo uma dor enorme, o outro orc já estava em pé e vindo em minha direção, desesperadamente eu olhei para trás, vi Jaker gritando de dor e perdendo muito sangue e a Katdeen se preparava pra atirar uma flecha, ela respirou fundo, fechou os olhos e soltou a corda do arco, tentei acompanhar a flecha com meus olhos, apenas ouvi antes que pudesse ver ela acertando o coração do orc que desmoronou caindo com metade do corpo sobre a fogueira. Lancei um ataque contra o minotauro agarrado no meu escudo, com um golpe lateral eu consegui atravessar o braço dele e acertei o torço com minha Rapier, grunhindo de dor instantaneamente ele balançou a cabeça para os lados conseguindo arrancar o escudo da minha mão, logo em seguida finalmente se livrou por completo do escudo, rodou a clava que estava segurando e em passos curtos e lentos veio em minha direção, pintando um enorme rastro de sangue pelo chão, a poucos metros de mim eu me arrependi amargamente naquele momento de ter aceitado essa missão para Seymour, eu antecipadamente já sentia gosto da morte quando ouço a Katdeen gritar: "MUR, SE ABAIXE!!", sem olhar para trás eu apenas obedeci aquele comando e "Zarp" novamente, porém rodando sua clava o minotauro conseguiu se defender com uma habilidade e reflexo implacável, eu abaixado mesmo recuei enquanto Katdeen atirou outra flecha e mais uma vez o minotauro defende-se da mesma forma, nada parecia adiantar, olhei para trás com um olhar totalmente sem esperança e assistindo a ela preparando outra flecha para atirar, mas diferente da outra vez, ela estava abaixando a mira, respirou fundo, fechou os olhos e "Zarp", apenas ouvi o barulho do minotauro mergulhando no chão, a Katdeen genialmente acertou uma das patas dele, derrubando-o de frente como quem estava caindo em posição de flexão, empunhando minha Rapier eu dei um salto levantando rapidamente para aproveitar aquela brecha, o minotauro largou sua clava no chão para se levantar mais de pressa, tudo parecia acontecer lentamente, eu correndo em direção a ele com a Rapier erguida e ele se levantando desarmado, antes que ele se levantasse eu felizmente acertei o abdômen  dele, enfiando quase que por completo minha espada o derrubando no chão como uma arvore recém cortada. 

Fuçamos os corpos mortos, achei um pouco de ouro, peguei um escudo de placas de cor amarelada e a clava do minotauro. Katdeen já estava sem flechas, Jaker havia bebido uma pequena porção de saúde, o que lhe havia garantido a vida e eu sentindo enormes dores no peito, além de fome e cansaço ainda estava a seguir em frente, assim encontrando o orc que havia fugido, ele estava embaixo de uma mesa em frente a uma cama logo numa outra ali perto, sem dó e piedade, não poupei a vida deste, pequei pelos pés e ele desesperadamente tentava se soltar, grunhindo não tão grosso e grave como antes. Para estrear minha clava, dei duas rodadas e acertei a cabeça dele em cheio, pitando o chão com borrões de sangue com enfeites de massa encefálica. Finalmente do lado de uma alavanca próximo a mesa achei o baú onde havia a caixa de presente, umas garrafas de água, pratos e copos. 

Pronto para voltar para cidade eu ouço um baixíssimo e quase imperceptível grunhir bem familiar, parecia ser o ronco de alguma criatura e vir de um estreito corredor a direita com uma enorme rocha no final. Por um momento eu cheguei a imaginar que fosse ele, o Urso!

Fui até Katdeen que estava cuidando do Jaker e peguei a picareta com ela, sem nenhum sucesso por inúmeras vezes tentei quebrar a pedra usando a picareta. Desanimado eu voltei até a Katdeen e falei o que havia acontecido, ela tardiamente respondeu que talvez soubesse como mover a pedra, entreguei a picareta a ela, que saiu andando em direção a sala com a mesa, a cama, o baú e a alavanca. Como se estivesse ali alguma vez antes, puxou a alavanca removendo a rocha, liberando o acesso de uma porta trancada a chave, ao lado da quina da mesa em frente a cama, ela bateu com a picareta algumas vezes no chão e aos poucos foi abrindo um buraco no chão, ela acendeu a tocha e desceu, menos de um minuto depois ela subiu segurando uma chave e me entregando a mesma e disse: "Agora é com você, estou sem flechas e o Jaker precisa de mim".


Andei com extrema ansiedade em direção a porta, respirei fundo antes de encaixar a chave, quando abri tive uma enorme surpresa! Lá estava ele! O maldito Urso! Deitado com a cabeça em cima de uma grade de bueiro, as suas pálpebras peludas se ergueram juntamente com as orelhas que rapidamente acusaram minha presença. Como se não estivesse dormindo, levantou com uma disposição monstra de quem avistava uma delicioso pedaço de bife. Eu só conseguia pensar no dia em que ele quase matou o Jaker, minhas mãos começaram a tremer e suar de tanta raiva, ergui minha Rapier, ele pulou em minha direção e antes que chegasse em mim saltei para o lado dando um pequeno olé nele, porém de nada adiantou, com as quatros patas no chão ele acertou minha perna esquerda e ao mesmo tempo abrindo a boca na minha direção com uma clara intenção de me abocanhar, consegui botar meu escudo na frente do focinho dele e contra-ataquei com minha Rapier, acertando uma de suas orelhas que caiu no chão o deixando enfurecido, lançou uma sequencia de patadas, por mais que eu defendesse as patadas, as unhas dele sempre me acertava, o chão já estava totalmente tomado de sangue e eu precisava dar um fim naquilo de uma vez por todas, até que em um momento de descuido ele pulou em cima de mim e minha rapier caindo ao meu lado, o que aconteceu com o Jaker se repetia, ele ficou me farejando, lambendo os enormes e escuros lábios, babando sobre meu rosto e eu tentando alcançar minha espada, mais uma vez tudo parecia acontecer lentamente, até que com as pontas do meus dedos eu consegui trazer minha espada para meu alcance, a segurei firme e finquei no pescoço peludo dele, uma cachoeira de sangue jorrou no meu rosto e aquele urso pesado caiu morto sobre mim,  naquele momento eu senti mais uma vez uma sensação maravilhosa de saúde e vigor, eu fiquei um pouco mais experiente. Extremamente cansado com muito trabalho joguei o urso morto de lado, peguei minha rapier e cortei por completo a cabeça dele para entregar ao quase falecido Jaker.


Naquela sala mesmo achei em alguns baús uma armadura revestida de correntes, um capacete de bronze, 12 flechas e uma pequena pilha de ouro.

Já a noite e muito tarde, Katdeen e eu arrastamos todos os corpos para a sala onde estava o urso, trancamos a porta e decidimos passar a noite ali mesmo aproveitando a fogueira e água aquele cenário nos fornecia. 


Logo de manhã voltamos para cidade e a primeira coisa que fiz foi procurar pelo Sr Seymour e entregar a tão desejada caixa! O mesmo com um enorme sorriso no rosto e uma expressão de alívio, me agradeceu imensamente e me dando um capacete mais resistente que o de bronze, disse também que eu já era experiente o suficiente e estava hapto a abandonar Rookgaard e escolher qual profissão aprender e que eu precisava falar com O Oraclo que ficava no andar de cima.







Próximo cap: 05 - Adeus Rookgaard














Nenhum comentário:

Postar um comentário